A VINDA DO AVATAR SEGUNDO A TEOSOFIA E A TRADIÇÃO CICLICA



A vinda do Avatar segundo a Teosofia e a Tradição Cíclica


“Se eu não fizesse o Meu trabalho, estes mundos seriam destruídos. Se originaria um grande caos e todos os seres se extinguiriam.”
“Bhagavad Gita”, III, 24

É possível que os dias de esforços da Hierarquia estejam com os seus dias contados, para a felicidade dos próprios Mestres que devem invariavelmente se sujeitar a tantos padecimentos e injustiças, a fim de resgatar parte do carma que a humanidade acumula sem ser capaz de dissolver sozinha, produzindo assim impasses irremediáveis para si e para o Plano de Deus. Tal como o pai zeloso aguarda que os seus filhos cresçam para se liberar de certos compromissos formais com a vida, os Amigos do Homem também esperam “eóns” que os seres humanos evoluam e assim eles mesmos possam se liberar cosmicamente.

A necessidade da Guiança

Para isto acontecer, toca à humanidade cumprir o seu próprio Plano de evolução da forma correta, assumindo as suas tarefas sem ilusões, sequer na requintada presunção utópica de “pacifismo” e “isenção” que oculta apenas a passividade e a omissão elitista. O Bhagavad Gita é considerado, na Índia, o grande manual do discípulo. Ali, Krishna, o Instrutor dos príncipes, deve orientar o seu discípulo Arjuna para assumir o seu verdadeiro dever de lutar pelo dharma conquistando um território sagrado, coisa que não deixa de lembrar a saga de Moisés com os hebreus. A posse e a consagração do território predestinado, sob a orientação superior, é o começo tangível ou histórico do Reino de Deus, da raça-raiz, da Idade de Ouro da humanidade. Tal coisa mostra como os mestres podem ser muito mais realistas do que os seres humanos, já que, detentora de uma realização plena, a Hierarquia detém a síntese entre o real e o ideal, o hoje e o amanhã.


O amadorismo social das elites, reflete a sua alienação mística e também o limitado “interesse-de-classe” que não abarca toda a necessidade da evolução racial, e a bem da verdade, sequer da própria categoria social. O “pacifismo” de Arjuna não é errado como princípio, mas é equivocado enquanto estratégia-de-resultados, por ser tática acomodada e elitista, que atua apenas dentro de uma micropolítica indigna dos verdadeiros iniciados. Claro que também são muito válidas as ações de resistência civil, como a greve e outras atitudes que Gandhi empregou na sua luta libertadora, porém sabidamente tudo isto depende de liderança especial e da determinação igualmente incomum de muita gente associada.


Alguns preferem ver os relatos do Gita de forma simbólica, outros não. De todo modo, a essência da mensagem permanece. Reconhecer e assumir a própria missão, é a coisa mais importante da vida de um pessoa e, sobretudo, de um buscador espiritual. Pode parece um pouco estranho, pensar que os Mestres possam ajudar as pessoas nos caminhos delas mesmas; porém, podemos ilustrar isto através dos exemplos dos pais e dos educadores em relação às crianças: os adultos não apenas já passaram por aquilo tudo que os jovens ainda passarão, como também têm tido muito mais tempo e oportunidades para refletir sobre a vida, os erros e acertos próprios e alheios. Ademais, existem aspectos peculiares da vida espiritual planetária que apenas podem ser depurados através das iniciações cósmicas dos avatares, além da presença deste demarcar os novos territórios-do-dharma (vastu purusha mandala) e a evolução da revelação divina.

Instrutores dúbios e polêmicos como Krishnamurti e Osho, fomentaram na sociedade ainda mais confusão sobre a relação da humanidade com a Hierarquia, ainda tão incipiente na sociedade ocidental, realimentando com isto a ilusão da autonomia humana, que é a chave do erro, da crise e do pecado. Contudo, nunca e jamais os Guardiães trouxeram “problemas” para a humanidade, antes todo o contrário, trazem as soluções concretas para a retomada da evolução humana estagnada, numa ação traduzida pela expressão “recolocar a roda (da Lei) em movimento”.

A humanidade já traz problemas suficientes para si mesma e não consegue se desenrolar sozinha, e nem os Enviados pretendem fazer isto por ela, apenas dar uma sutil “mãozinha” para que o mundo possa seguir evoluindo, abrindo brechas no sectarismo e no partidarismo do qual por natureza os humanos não conseguem se libertar, nem mesmo através das suas supostas utopias, porque estas geralmente não passam de sonhos já que as pessoas não sabem como “chegar lá” sozinhas. Por isto, Krishna diz na citação inicial, que diz a ordem do mundo e a sobrevivência dos seres, depende da sua ação: não se trata de uma afirmação metafísica mas sociológica mesmo, como sugere a sua ação guerreira no Bhagavad Gita.

O único que a Hierarquia traz de novo –e isto já começou há dezenas de milhares de anos-, são revelações sobre a evolução espiritual –com tudo o que isto acarreta para o mundo e para cada um-, abrindo caminhos superiores para a humanidade que trazem riscos sem a supervisão da própria Hierarquia, já que a posse destes poderes e conhecimentos, afastados de suas fontes, pode chegar a representar uma poderosa sombra. Tal coisa é, no entanto, mais ou menos inevitável, da mesma forma como tudo está sujeito a começo, meio e fim; e disto derivam os ciclos culturais da humanidade. A opção seria uma situação de estagnação espiritual, onde o ser humano mal se diferenciaria dos animais e jamais teria acesso a uma alma imortal.

Hoje nos achamos a olhos vistos sob uma grande crise mundial, e tal coisa coincide com a mudança do calendário racial –desafios a serem sempre vencidos sob a Guia predestinada, como sucede nas provações iniciáticas do discípulo individual. Por isto, se aguarda novamente a vinda do Instrutor do Mundo e seus Apóstolos, para anunciar e preparar os caminhos do porvir.

As revelações teosóficas

Existem grandes chances do Buda Maitreya e do Kalki Avatar (assim como o Cristo do Apocalipse) serem o mesmo personagem, e também que ele surja na América do Sul ou no Brasil, sendo este talvez um acontecimento iminente. O “Glossário Teosófico” de Helena P. Blavatsky, traz informações que podemos considerar como essenciais a este respeito:

“Maitreya Buddha (Sânscrito).- O mesmo que o Kalkî Avatar de Vishnu (o Avatar do "Cavalo Branco"), e de Sosiosch e outros Messias. A única diferença está nas datas de suas aparições respectivas. Assim, enquanto que se espera que Vishnu aparecerá em seu cavalo branco no fim do presente Kali-yuga ‘para extermínio final dos malvados, renovação da criação e restabelecimento da pureza’, Maitreya é esperado antes. O ensinamento popular ou exotérico, diferenciando-se muito pouco da doutrina esotérica, afirma que Sâkyamuni (Gautama Buddha) visitou a Maitreya em Tushita (uma mansão celeste), e lhe comissionou para sair dali e dirigir-se à terra como sucessor seu ao expirar o término de cinco mil anos depois de sua morte (de Buddha). Para que isto ocorra, faltam ainda 3.000 anos. A filosofia esotérica ensina que o próximo Buddha aparecerá durante a sétima (sub)raça desta Ronda.(...). [Maitreya é o nome secreto do quinto Buddha, e o Kalkî Avatara dos brahmanes, o posterior Messias que virá na culminação do Grande Ciclo. -Em todo o oriente é uma crença universal que este Bodhisattva aparecerá com o nome de Maitreya Buddha, na sétima Raça. (Doctr. Secr., I, 412, 510).] (G.T., H.P.B.)”

O texto traz muitos esclarecimentos, mas também revela certas distorções populares ou dogmáticas, afinal estes misteriosos assuntos estão particularmente sujeitos a “interpretações”. Vale notar, desde logo, a contradição inicial sugerida por HPB, que identifica os dois nomes, Maitreya e Kalki, sem coincidir as datas dos adventos, denotando haver um desvio nas interpretações correntes.

Convenhamos: não parece mais provável aparecer hoje o último avatar que se espera, segundo o Hinduísmo, neste nosso mundo caótico e sem-dharma, do que daqui a “muitos milhares de anos”, quando se imagina que tudo estará mais evoluído –se sobrevivermos como espécie, é claro-, até já numa nova ronda mundial, que talvez nem exija tanto tais manifestações?
Blavatsky se limitou a retransmitir uma opinião dos budistas a respeito, e que até pode ser equivocada, como demonstramos aqui. Ademais, ninguém duvida que inicia-se nestes tempos uma Nova Era (Aquário), e até mesmo uma nova Raça, segundo os cômputos maias: em 2013, começa o Sexto Mundo. Nestes momentos, sempre vem um Enviado para auxiliar a fazer tudo o que deve ser feito.

Nisto, o budismo pode haver adaptado informações do Hinduísmo, como costuma fazer, pois o Kalki avatar hindu será o ultimo avatar de Vishnu, encerrando esta ronda, e virá cinco mil anos após Krishna (que é um ciclo solar ou racial, como coloca com clareza a tradição maia-nahua), dentro do ritmo de 2600 anos pelo qual se manifestam os Dez Avatares Maiores de Vishnu, no ciclo total de 26 mil anos da ronda mundial. O vínculo entre o manvantara/pralaya ou ronda com o Grande Ano de Platão (o citado ciclo de 26 mil anos), pode ser verificado no verbete “yuga” do “Glossário Teosófico”. Os 12 Avatares zodiacais (como foram Melquisedec e Jesus), que no Budismo, teriam relação com a função de Bodhisatwa, fecham o montante dos 22 Avatares de Vishnu, o que também se relaciona aos 24 Anciãos coroados do Apocalipse. A diferença entre um e outro registro, se deve meramente a sutilezas de convenções classificatórias, como no tocante à questão das missões duplas ou coincidentes -como toca aliás, à presente encanação divina, nesta transição de Era e de Raça-raiz.

Estes dois avatares Krishna e Maitreya, são ditos “solares” porque abrem as raças-raízes, sendo daí implantadores de dharmas raciais, ou manus-raiz. Ao passo que aqueles que vêm no meio deste ciclo solar de cinco mil anos (como fez Gautama Buda), são reformadores raciais ou manus-semente, já que também preparam o ciclo seguinte. Naturalmente, existem cinco de cada modalidade durante uma ronda zodiacal, alternando-se mutuamente entre um solar e um lunar (esta é uma explicação da idéia teosófica de “raça solar e raça lunar” originais).

O simbolismo central destes Budas, que são as suas posturas iconográficas ativa ou passiva, assim como os relatos, os mitos e as profecias a seu respeito, deixam esta alternância do dharma búdico suficientemente estabelecida (ver mais sobre isto em nossa obra “Tushita – o Reino da Felicidade”, Ed. IBRASA, SP). Uma das grandes tarefas do dharma solar, é precisamente o de organizar o novo território-do-dharma, o chamado vastu purusha mandala racial, quando assoma a importância da Geosofia ou da Geografia sagrada como uma das grandes Ciências sagradas do Reino de Deus, como adiante veremos sobre a questão espacial -ver também a respeito em nossas obras “Vaikuntha” e “As Cidades da Luz”, sobre a Shambala “celeste” e sua sucursal “terrestre” Agartha.

Existem dentro do Budismo classificações pertinentes a tais funções dialéticas. O agrupamento específico de cinco Budas está contemplado na ordem dos Dhyani Budas, que inclusive formam uma mandalas tradicional empregada na meditação. O fato de serem usados na ioga como objeto de contemplação, com fins de determinar a ordem cósmica, como é a função desta hierarquia construtora, deu margem a que se interpretasse erroneamente esta hierarquia como sendo de “budas contemplativos”, quando na verdade eles estão entre os mais ativos, diretamente ligados à função dos Manus raciais. No caso de Maitreya, sua missão corresponde à função mandálica do Buda Amitaba, relacionado à família Lótus (Pema) -Maitreya também é representado ostentando um lótus- e à região Oeste ou Ocidental, assim como ao Elemento Fogo.

Quanto a Gautama, entra tradicionalmente na classificação dos Manushi Budas ou “Budas Humanos”, em função do caráter “humanista” do hemi-ciclo racial que bem organizar. A palavra “Manushi” até lembraria o Manu, mas são os Dhyani que correspondem às funções de organização racial. Neste caso, a idéia de atribuir uma função Manushi também a Maitreya seria equivocada, de modo que estas colocações corrigiriam certas opiniões legadas na “tradição”, criadas pela perda de raízes tradicionais do saber.

Com isto, a tradição Budista de ver em Maitreya o “quinto Buda” também pode ser melhor analisada. Acima damos já a principal interpretação: Maitreya/Kalki será o último ou quinto avatar solar desta ronda, relacionado ao Dhyani Buda Amitaba, ao abrir a quinta raça (embora se trate da sexta raça-raiz ou do Sexto Sol dos maias-nahuas, pois a primeira não se considerava ainda “humana”). Outra forma de tratar o assunto é que, se Maitreya “virá na culminação do Grande Ciclo” –quer dizer: ao final da ronda de 26 mil anos-, como afirma a citação acima, ele poderia ser visto como o Quinto Adi Buda (ou Buda Cósmico) porque abrirá a Quinta ronda mundial de evolução, aquela na qual a humanidade aspirará pela condição de Adepto (a Quinta iniciação).

Tudo isto solucionaria já muita coisa em termos de tempo, remetendo aos dias atuais, apesar de haver ainda toda uma Era (a de Aquário) até o final verdadeiro desta ronda. Com isto, se deve pensar que o avatar ulterior (se é que isto existirá) já integrará/iniciará a ronda seguinte, e nisto ele até poderia ser Maitreya -embora tal coisa soe muito duvidosa-, mas nunca o Kalki Avatar, o qual necessariamente virá na atualidade, quando nos achamos numa nítida dupla-transição cíclica, de Eras e de Raça-raiz (esta última começa em 2012, segundo os maias-nahuas). Alice A. Bailey previu a volta (manifestação ou missão?) do Cristo para “em torno do ano de 1980” do século findo.

O mais provável aqui, é que as Tradições do Oriente tenham realmente optado por focalizar ciclos distintos, como se conclui por todo o exposto, o Budismo analisando a questão da nova Raça e o Hinduísmo avaliando a questão da nova Era, duas coisas que começam juntas nos tempos atuais, com diferença máxima de poucos séculos, trazendo provavelmente um único Anunciador celeste.

Em termos de espaço, diz o “Glossário Teosófico” que “o próximo Buddha aparecerá durante a sétima (sub)raça desta Ronda”. Citemos da mesma fonte, pois, a localização desta “sub-raça”:
“A sexta e a sétima florescerão no Norte e no Sul de América. (G.T., H.P.B.).”

Isto diz respeito às últimas sub-raças da raça-raiz árya, sobrevindo na sequência a sexta raça-raiz, situada pelos teósofos na América do Norte, a passo que uma suposta sétima raça-raiz estaria localizada na América do Sul. A identificação ou a analogia com a posição geográfica das sub-raças, é notória e até sugestiva, talvez irregular dentro do plano de evolução racial.

Afirmamos daí, que existe também neste contexto, uma espécie de erro de entendimento, pois não existirá uma sétima raça-raiz nesta ronda, e nem mesmo -como também afirma Alice A. Bailey-, a sexta raça-raiz se completará, pela simples razão de que a ronda futura cortará ao meio a nova raça com a chegada da Era de Capricórnio, que reinicia as rondas.
Por tal razão, aquilo que se atribui às raças-raízes, também podemos melhor tributar às sub-raças, até porque os “ciclos teosóficos” são excessivamente amplos –ademais, os “poderes” que se atribui a tais raças-raízes são, convenhamos, excessivamente modestos, a ver:

“Sexta Raça.- Estará caracterizada por seu desenvolvimento espiritual, pela aquisição do sexto sentido, ou seja a clarividência astral, e por suas tendências unitárias. Povoará o continente Zâha, cuja emersão inicial ocorrerá no ponto donde atualmente se acha a América do Norte, que anteriormente haverá sido dividido por terremotos e fogos vulcânicos. (G.T., H.P.B.)”
Curiosamente, o autor faz aqui certo eco com a tradição maia-nahua, a qual afirma que o quinto mundo terminará com “fogo e terremoto”. Prossigamos:

“Sétima Raça.- Se caracterizará por seu completo desenvolvimento espiritual, pela aquisição do sétimo sentido, ou seja a clarividência mental, e pelo pleno reconhecimento da unidade. Florescerá no sétimo continente, chamado Pukchara, cujo centro há de estar no ponto onde se acha atualmente a América do Sul. Ao terminar a vida geológica deste continente, sobrevirá o fim de nosso globo, caindo em pacífico sono depois do larguíssimo dia de trabalho e vigília. (A. Besant -Schwarz: Genealogia do Homem.) (G.T., H.P.B.)”

Este Pukchara (ou Pushkara)* é, pois, a “nossa” América do Sul, “berço” humilde de Maitreya Buda -porém, sem os ciclos “geológicos” tão amplos que lhe são acima atribuídos, e que servem apenas como véus, intencionais ou não. Os antigos “canais” de mediação das informações sobre os ciclos planetários e outros, não eram então de todo perfeitos ou não era chegada a hora de se acessar informações mais exatas. Percebe-se que todas estas novas correções doutrinas, sem pretender substituir o anterior mas apenas completar, quase dão origem a toda uma nova Teosofia, mais plena, científica, universal e até mais tradicional.

* Pukchkara (Pushkara) (Sânscrito).- Uma espécie de lótus azul; o sétimo Dvîpa [continente] ou zona do Bhâratavarcha (Índia). –Um famoso lago situado próximo de Ajmere [o Ajmir]. É também nome de várias pessoas. [A água, o ar, o céu; epíteto de Krishna, Shiva e outros; em sentido figurado, a flor do lótus azul referida é o coração. –Véja-se: Pukchala.] Pukchala (Pushkala o Puskala) (Sánscrito).- Una hoja de palmera empleada en Ceilán para que pueda escribirse en ella. Todos los libros de dicho país están escritos en tales hojas de palma, y duran siglos. [Esta palabra significa además: abundante, numeroso, rico, excelente, sublime; un lugar sagrado de peregrinación (tîrtha). –Véase: Puchkara.] (G.T. H.P.B.)

Da obra "Teosofia Científica", Luís A. W. Salvi

Fonte:http://teosofiacientifica.blogspot.com.br/2010/05/vinda-do-avatar-segundo-teosofia-e.html


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